quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Warrior King - Capitulo Dois


Segundo capitulo de Warrior King, espero que gostem!


Ela não queria acreditar. Enquanto o cavalo e a espada do bárbaro sugeriam uma alta posição, o homem parecia ter vindo de um campo de batalha em vez de um trono. E onde estavam a escolta e os servos? Reis não viajavam sozinhos. As suspeitas de Lua aumentaram.
O rei desmontou, e Lua manteve o olho no cavalo dele. Agora, mais do que nunca, desejava escapar. Talvez pudesse pedir santuário na abadia. Havia uma pequena chance de que conseguisse.
— Você é Lady Lua Blanco? — perguntou ele. O sotaque cadenciado da voz soava estranho na língua normanda.
— Sou. — Lua encarou o homem. — É assim que vocês costumam chegar a um casamento? Tentando matar os convidados?
— Lua — alertou o pai. Ela se calou, lutando contra o medo que pesava dentro dela. Os olhos de aço a estudavam com desinteresse. Lua lhe mirou as mãos. O homem poderia despedaçá-la com elas, sem dúvida.
O rei bárbaro piscou por um segundo. A expressão feroz voltou ao rosto.
— Vamos fazer logo isso.
Não se ela pudesse evitar. Ele não era nem de perto um meio-demônio. Mais provável que fosse um demônio por inteiro. Se ela quisesse mesmo fugir, agora seria sua única oportunidade.
Lua disparou na direção do cavalo de Aguiar. Agarrou a sela, tentando se lançar em cima da criatura antes que braços fortes a cercassem feito um escudo. Músculos firmes a encurralavam numa prisão de força.
Embora Lua lutasse, o rei a tirou do cavalo como se ela não pesasse mais do que uma mosca. Ele a manteve prisioneira contra o peito. O calor do corpo dele aquecia a pele fria de Lua, cuja cabeça mal lhe alcançava os ombros. Naquela posição, ela podia sentir a fúria contida.
— Não posso me casar com você — insistiu ela. Aquele não era o tipo de marido amável que se sentaria no trono e deixaria que ela cuidasse da casa. Era o tipo de homem que a prenderia em correntes e daria seu corpo aos corvos.
Ninguém ouviu seus protestos. O padre Thomas começou a murmurar as palavras do rito de casamento. O rei segurava a mão de Lua, cujo sangue rugia nos ouvidos.
Aquilo não podia estar acontecendo. Aquele homem a levaria de seu lar para a ilha de Erin, onde ela não tinha qualquer família. Nunca veria as irmãs novamente. A dor lhe enredava na pele, mas Lua segurava as lágrimas.
A mão dele apertou com mais força a de Lua, que percebeu o olhar de advertência. A raiva brotou dentro dela, penetrante e cruel. O que tinha feito para ser castigada com um marido como aquele?
O padre esperava pelo voto dela. Lua meneou a cabeça e sentiu a garganta apertar.
— Não me casarei com você.
— Não tem mais escolha do que eu, a chara*.
Lua tentou se soltar, mas o rei irlandês era mais forte.
— Você quer liberdade, não é?
Ela não respondeu. O que ele tentava dizer?
— Aceite este casamento, e a liberdade será sua.
Lua não acreditava nele. Cada centímetro daquele homem era incivilizado. O pai lhe dirigiu um olhar indiferente.
— Olhe ao redor, Lua. Se não se casar com o rei de Laochre, não haverá quem a queira. Que homem deseja uma esposa desobediente? Você está envergonhando a si mesma.
Lágrimas quentes lhe assomaram os olhos, mas Lua se manteve firme. Os convidados do casamento pareciam desconfortáveis.
O rei suavizou o modo como apertava o pulso dela. Baixando a voz, levou a boca à orelha de Lua. Sua respiração fez com que ela estremecesse.
— Seu pai tem a vida da minha gente nas mãos: homens, mulheres e crianças. A única maneira de salvá-los é casando com você. E casar é o que farei, a chara. Esteja certa disso.
Uma única lágrima escapou, manchando o rosto dela. A verdade se revelava indesejável. A conquista do pai em Erin fez de Lua uma peça de barganha, seus próprios desejos eram inexpressivos. Isto era uma aliança política, e a rígida expressão do rei deixava claro que ele não aceitaria uma recusa.
Será que ele estava falando a verdade? Crianças e mulheres morreriam com a sua recusa? Lua se virou e estudou o pai. Não viu qualquer misericórdia nos olhos dele.
Fitou Arthur Aguiar mais de perto. Por trás da raiva, Lua enxergava exaustão. E uma ponta de tristeza. Se ele estivesse certo, se inocentes morreriam sem sua aceitação... Ela fechou os olhos, sabendo que não poderia fugir do próprio destino. Naquele instante, as correntes da obrigação a cingiram.
Quando o padre lhe pediu os votos novamente, Lua se esforçou para assentir um sim. Em poucos instantes, o rito estava terminado. O marido lhe deu um beijo de paz na bochecha, e Lua trincou os dentes para não gritar.


*a chara - Querida

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